Objeto do mês :: Borralha
Objeto do mês de maio no Ecomuseu de Barroso - Centro Interpretativo das Minas da Borralha.
Dia do Trabalhador
Neste mês de maio não pretendemos destacar um objeto, como é costume nesta exposição. Pretendemos, sim, homenagear todas as mulheres e todos os homens que trabalharam nestas minas. Dia 1 de Maio é celebrado, internacionalmente, o Dia do Trabalhador. Recuando na história, verifica-se que a primeira celebração deste dia ocorreu nos Estados Unidos da América e remonta ao ano de 1886. De acordo com os anais da história, tudo começou em 1884, quando sindicatos americanos estabeleceram um prazo de dois anos para que os empregadores daquele país acedessem às reivindicações dos trabalhadores, que pretendiam a imposição da limitação de 8 horas de trabalho diárias. Passados esses dois anos concedidos, um conjunto de anarquistas desencadeou uma greve geral, que envolveu cerca de 340.000 trabalhadores por todo o país, no dia 1 de maio de 1886. Em Portugal, e devido ao regime ditatorial a que fomos sujeitos no século XX, a comemoração do Dia do Trabalhador esteve proibida até à Revolução dos Cravos, que nos devolveu a Liberdade e, consequentemente, a reposição do direito à greve.
Nas Minas da Borralha, desde os primeiros anos de atividade, foram organizadas manifestações e/ou greves por parte dos/as Trabalhadores/as com a intenção de obterem melhores condições laborais, habitacionais, de salubridade, entre outras. De acordo com as memórias recolhidas, as condições que Mines de Borralha, S.A. oferecia eram de excelência! E eram de excelência porque as milhares de pessoas que aqui trabalharam não desistiram nem temeram a possível opressão que pudesse advir das suas reivindicações e das suas manifestações. Apesar de o direito à greve, ou qualquer outro tipo de manifestação, estar proibida durante a vigência do Estado Novo, é, neste período, que os/as trabalhadores/as das Minas da Borralha, descontentes com as condições laborais oferecidas pelo patronato, desencadearam uma enorme greve que paralisou os trabalhos desta mina. Sem receio das consequências que o regime autoritário e opressor, então vigente, pudesse vir a impor, cerca de 600 trabalhadores paralisaram os trabalhos em todo o Couto Mineiro, exigindo uma substancial melhoria nas condições laborais e habitacionais. Contra a vontade do patronato, contra as leis do regime ditatorial, e graças à coragem destes/as destemidos/as e valentes trabalhadores/as, o proletariado logrou os seus objetivos. Faz prova disso uma notícia, intitulada “Greve Vitoriosa dos Mineiros da Borralha”, no jornal Avante VI série nº46, da 1ª quinzena de janeiro de 1944, na qual é destacada e enaltecida a resistência e a coragem deste povo. Esta encontra-se exposta abaixo e foi-nos, gentilmente, cedida pelo Partido Comunista Português (GES-PCP). Posto isto, e como supramencionado, o destaque deste mês de maio não recairá em nenhum objeto, pois pretende-se homenagear e louvar Todos/as os/as Valentes e Destemidos/as Trabalhadores/as, que tornaram estes montes, este terreno baldio, este espaço que ansiava por gente e por movimento, numa das aldeias mais pujante, mais próspera e mais atrativa do nosso País. Merecem, neste mês e SEMPRE, o nosso louvor, porque hoje a aldeia das Minas da Borralha só é o que é devido à sua coragem, ao seu trabalho, às suas lutas e reivindicações, ao seu espírito crítico, revolucionário e comunitarista.
P. S . : Cabe-nos aqui deixar um agradecimento a Todos/as aqueles/as, do Partido Comunista Português (PCP), que, pronta e gentilmente, se dispuseram e nos cederam a notícia abaixo exposta, bem como um agradecimento muito especial ao Digníssimo Técnico Agrário e Dirigente do P.C.P, em Montalegre, José Augusto Afonso, pela sua simpatia, disponibilidade, abertura e pelo seu precioso apoio.